Foto: KTSDESIGN/Science Photo Library/Corbis |
Entre os dias 21 de dezembro e 20 de março a terra fica mais
próxima do sol no hemisfério sul. Isso faz com que o dia seja mais longo que a
noite e as temperaturas fiquem mais altas. Além de propiciar as melhores
condições para férias e viagens à praia, as altas temperaturas - comuns do
verão – afetam o metabolismo do corpo, exigindo uma alimentação mais adequada
ao calor.
Tendo em vista o aspecto das mudanças no metabolismo diante o aumento das
temperaturas e as mudanças de hábitos alimentares quando saímos de casa para
viajar, a nutricionista da Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor (CAS) do Ministério
da Saúde, Nádia Nascimento Amore, conversou com o Blog da Saúde sobre
dicas de alimentação no verão. Confira a entrevista:
Por que devemos mudar a alimentação no verão? Qual a relação entre
temperatura ambiente e o nosso corpo? O que acontece com nosso
metabolismo?
O ideal seria seguirmos uma alimentação saudável e equilibrada, de acordo com
os preceitos do Guia
Alimentar para a População Brasileira, ao longo de todo o ano. Porém, no
verão, o consumo de frutas, verduras e legumes são ainda mais importantes, pois
auxiliam na hidratação e reposição de sais minerais perdidos na sudorese,
geralmente aumentada nesta época do ano. Com o aumento da temperatura externa,
nosso metabolismo sofre alteração para se adaptar às altas temperaturas e uma
das consequências disso é o aumento da transpiração. Além disso, atingir e
manter a temperatura interna exige menos esforço de nosso organismo e, por
isso, sentimos menor necessidade de alimentos com alta densidade energética,
como por exemplo, massas, pães e alimentos mais gordurosos.
Quais os alimentos mais adequados para ingerir nesta época do ano?
Devemos dar preferência a alimentos mais leves e de fácil digestão, incluindo
frutas com alto teor de água (como melancia, abacaxi, laranja) e saladas cruas
com vegetais variados (alface, agrião, escarola, rabanete, cenoura, pepino,
tomate entre outros), pois aumentam a sensação de refrescância. Água, água de
coco e sucos de frutas sem adição de açúcar também podem ser ingeridos com
maior frequência.
E quais são os alimentos que devemos evitar nessa época do ano e por
quê?
Alimentos e preparações muito gordurosas (maionese, frituras, feijoada) devem
ser evitados, pois sua digestão é mais lenta e acaba demandando maior esforço
do organismo. A própria digestão deixa a pessoa mais lenta, pois o fluxo
sanguíneo se concentra no estomago para facilitar a digestão. No verão, aquela
moleza que dá após uma refeição será ainda maior. Sorvetes de chocolate,
flocos, e os sabores que não levam frutas devem ser trocados por picolés de
fruta. A carne deve ser magra, com pouca ou nenhuma gordura aparente.
Durante as férias, alguns costumam consumir maiores quantidades de álcool.
Como reduzir os danos provocados pelo álcool ingerido no verão?
Uma das estratégias para se evitar os efeitos nocivos do álcool no organismo é
intercalar o seu consumo com água.
Como nas férias estamos fora de casa, às vezes é difícil achar os alimentos
adequados a uma alimentação balanceada, principalmente verduras e legumes. Que
alimentos podem ser fáceis de achar para comer e nutritivos ao mesmo tempo?
Sucos de frutas sem adição de açúcar e água de coco são opções saudáveis,
refrescantes e fáceis de encontrar na praia. Deve-se prestar atenção à higiene
do local e da pessoa que prepara / vende esse tipo de alimento. Outra opção são
os picolés de frutas ou levar de casa frutas frescas, de preferência numa bolsa
térmica para evitar que se deteriorem.
O calor interfere na preparação de alguns alimentos a ponto de termos que
tomar maiores cuidados?
É importante que alimentos que necessitem de refrigeração (como queijos
brancos, iogurtes, ovos) fiquem o menor tempo possível exposto à temperatura
ambiente. Para isso, pode-se usar uma bolsa térmica do transporte do mercado
para casa e evitar o consumo dos mesmos caso tenham passado um bom tempo fora
da geladeira.
E frutos de mar e pescados: que cuidados tomar com eles?
Deve-se saber a procedência (se são produtos frescos, de produtores idôneos,
fiscalizados e autorizados pela vigilância sanitária) e se foram manipulados e
preparados em boas condições de higiene, já que os pescados são produtos muito suscetíveis
à deterioração bacteriana.
Caso sejam mantidos os hábitos alimentares da estação anterior, como nosso
corpo pode responder a uma alimentação mais pesada durante o verão?
Geralmente, alimentos mais “pesados” para o verão costumam diminuir a disposição
e gerar maior cansaço e lentidão ao longo do dia, além de não repor
adequadamente a quantidade de líquido e sais minerais perdidos diariamente. O
que pode gerar uma desidratação e no futuro, com a repetição deste padrão, até
mesmo um cálculo renal.
Fonte: Lucas Pordeus Leon / Blog da Saúde